Contexto: Existem poucos estudos que compilaram metodicamente o corpo de pesquisas sobre o procedimento de avaliação na educação médica baseada em competências (CBME, na sigla em inglês) e que identificaram lacunas de conhecimento sobre a estrutura do processo de avaliação. Assim, os objetivos do estudo foram criar um modelo de estrutura de avaliação para a educação médica baseada em competências que fosse aplicável no cenário indiano, bem como examinar de forma completa o marco de avaliação da educação médica baseada em competências.
Métodos: As bases de dados pesquisadas foram PubMed, MEDLINE (Ovid), EMBASE (Ovid), Scopus, Web of Science e Google Scholar. Os parâmetros de busca foram restritos a publicações em inglês sobre educação baseada em competências e métodos de avaliação, publicadas entre janeiro de 2006 e dezembro de 2020. Uma visão descritiva das pesquisas incluídas (em forma tabular) serviu como base para a síntese dos dados.
Resultados: As bases de dados forneceram 732 registros; dos quais 36 atenderam aos critérios de inclusão e exclusão. Os 36 estudos incluíram uma combinação de ensaios clínicos randomizados, entrevistas em grupos focais e estudos com questionários, incluindo estudos transversais, estudos qualitativos (03), estudos de métodos mistos, etc. Os artigos foram publicados em 10 periódicos diferentes. O maior número foi publicado na BMC Medical Education (18). A pontuação média de qualidade para os estudos incluídos foi de 62,53% (faixa: 35,71–83,33%). A maioria dos autores é do Reino Unido (07), seguida pelos Estados Unidos (05). Os estudos incluídos foram agrupados em sete categorias com base em seu foco dominante: afastando-se de uma abordagem comportamentalista para uma abordagem construtivista de avaliação (01 estudo), avaliação formativa (AF) e feedback (10 estudos), os obstáculos na implementação do feedback (04 estudos), uso de testes formativos online ou baseados em computador com feedback automatizado (05 estudos), feedback por vídeo (02 estudos), plataformas de e-learning para avaliação formativa (04 estudos), estudos relacionados à avaliação baseada no local de trabalho (WBA)/exercício clínico mini-avaliativo (mini-CEX)/observação direta de habilidades procedimentais (DOPS) (10 estudos).
Conclusões: Diversas técnicas construtivistas, como mapas conceituais, portfólios e rubricas, podem ser usadas nas avaliações. A aprendizagem autorregulada, o feedback entre pares, a avaliação formativa online, um teste formativo baseado em computador com feedback automatizado, o uso de um sistema de avaliação OSCE informatizado baseado na web e o uso de feedback narrativo em vez de pontuações numéricas no mini-CEX são formas de aumentar o envolvimento do aluno no design e na implementação da avaliação formativa.
Gupta SK, Srivastava T. Assessment in Undergraduate Competency-Based Medical Education: A Systematic Review. Cureus. 2024 Apr 11;16(4):e58073. doi: 10.7759/cureus.58073.
García Dieguez M. Comentário sobre a Como Avaliar por Competências na Educação Médica de Graduação? Uma Revisão Sistemática para Repensar a Prática Docente. [Internet]. Organização Pan-Americana da Saúde. Repositório Bibliográfico. Citado em: 10/07/2025. Disponível em: https://campus.paho.org/pt-br/repo/avaliar-competencias-educacao-medica-graduacao-revisao-sistematica-repensar-pratica-docente
García Dieguez M.
CEEProS Universidad Nacional del Sur
Este artigo é útil para docentes que atuam diretamente com estudantes ou que participam da implementação e gestão de programas de educação médica de graduação baseados em competências (CBME). Trata-se de uma revisão sistemática que analisa o estado atual das práticas de avaliação no âmbito da CBME, com foco em países que já iniciaram essa transição. Embora não traga inovações marcantes, o artigo apresenta uma boa compilação de informações para educadores interessados em utilizar instrumentos válidos e coerentes com a abordagem por competências.
A revisão incluiu 36 estudos com avaliação de qualidade apropriada. Os estudos abrangem experiências de diversos países e revelam uma grande diversidade de abordagens avaliativas. Os métodos mais frequentes incluem mini-CEX, DOPS, portfólios, rubricas e avaliações de desempenho com simulação (como OSCE).
O artigo evidencia que, embora muitos programas tenham adotado elementos da CBME, a avaliação continua sendo um ponto crítico. Persistem instrumentos tradicionais, há pouca capacitação docente específica, e observa-se falta de alinhamento entre as competências esperadas e as evidências avaliadas. Além disso, poucos estudos avaliaram a confiabilidade e validade dos instrumentos utilizados.
Do ponto de vista metodológico, o artigo segue as diretrizes do PRISMA, apresenta uma busca sistemática bem definida, uso de ferramentas validadas para avaliação de qualidade e uma classificação detalhada dos instrumentos e dos níveis de competência avaliados. Como limitação, apenas artigos em inglês foram incluídos na análise.
- Mapeamento atualizado dos instrumentos de avaliação utilizados na CBME de graduação.
- Instrumentos devem ser validados localmente antes da adoção institucional.
- Reforça o valor dos portfólios e das avaliações de desempenho clínico como ferramentas longitudinais.
- É necessário capacitar os docentes em novas formas de avaliação autêntica.
- Sugere integrar estratégias formativas com feedback estruturado e centrado no desempenho.